Por José Caldas da Costa
A diplomacia na Embaixada Brasileira nos Estados Unidos da América vai ar por mudança nesta sexta-feira (13), quando haverá troca de posto de adido do Exército. E quem assume o mais importante posto avançado do Exército Brasileiro no mundo vai ser um capixaba.
O general de Brigada Maurício Vieira Gama, 53 anos, que vai assumir a missão em lugar do general de Divisão Everton Pacheco da Silva, é capixaba, nascido em Alegre, na região do Caparaó, Sul do Estado, de onde saiu com 18 anos para cursar a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ).
A solenidade de transmissão do cargo está marcada para as 11 horas (local), na The Catholic University of America, em Washington, DC, e o convite foi distribuído a convidados especiais pelo chefe do Estado-Maior do Exército, o general de Exército Richard Fernandez Nunes.
HISTÓRIA
Maurício Gama foi promovido a general de Brigada em 2023. O oficial não tinha nenhuma tradição militar na família quando decidiu fazer a prova para a Aman. Uma escolha impulsionada mais pela necessidade do que pela vocação, que, entretanto, nasceu durante o percurso tornando-o um dos profissionais mais brilhantes das Forças Armadas.
Quem cresceu em Alegre na geração de Maurício ou na anterior conhece bem a história da família de “seu Moacir” e de “dona NIlda”, duas pessoas simples e muito trabalhadoras. Moacir era mais conhecido como “Moacir Capeta”, apelido dos tempos de futebol – quem acompanhou garante que Moacir era tão habilidoso quanto um gênio de sua época, Didi, e que chegou a ter convite para jogar no Flamengo, não aceitando para ficar com a família.
Maurício é um dos 13 filhos de Moacir e Nilda. Moacir era operário na Prefeitura de Alegre, dona Nilda era servente no Colégio Estadual (a escola Aristeu Aguiar), onde Maurício muitas vezes, na adolescênica, ajugou a mãe a limpar as salas de aula.,
O salário curto dos pais levava a família a ter uma vida muito simples. Mas Moacir se destacava pelo amor aos estudos e a vontade de progredir na vida. Começou a estudar no pré-vestibular em Cachoeiro, indo e voltando de carona todos os dias, um percurso de 60km. Foi quando um médico que atuava na cidade fez o convite para ele ar a semana na casa da família.
“Eu ava a semana em Cachoeiro, na casa da família de um médico de Alegre, para fazer pré-vestibular. Decidi fazer três vestibulares, para Medicina na Ufes, Engenharia na Unicamp e o da Aman, este porque tinha ajuda de custo e onde morar. ei em 2º lugar para Medicina na Ufes, mas o primeiro resultado que saiu foi o da Aman e eu tinha que me apresentar logo. ei também na Unicamp, mas já estava em Rezende quando os resultados foram publicados”, disse o general.
Mauricio terminou o curso de oficial da Aman como primeiro colocado e escolheu a área de Comunicações, porque gostou de participar de um exercício com os cadetes da área. Ele foi declarado aspirante a oficial em 4 de dezembro de 1993. Integrou missão de paz da ONU na Costa do Marfim, em 2012, e foi subchefe da Comissão do Exército Brasileiro em Washingon/DC de 2017 a 2019.
Maurício Gama é o quarto capixaba a chegar aos quadros estrelados do Exército Brasileiro. O Espírito Santo já teve um General de Exército (4 estrelas), Hélio Pacheco, chefe do Departamento Geral de Pessoal em 1987 e Comandante Militar do Nordeste em 1988. Outros dois, antes de Maurício, chegaram a general de Brigada: Danilo Veturini, de Itarana, e Romildo Canhim Gomm, de Cachoeiro.
No dia 4 de abril de 2023, Maurício Gama recebeu a espada de general de brigada, no Palácio do Planalto. Como chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, foi o responsável pelas investigações iniciais que resultaram na punição de 38 militares por furtos de 21 armas em Barueri (SP) e, posteriormente, foi transferido para o Departamento de Ciência e Tecnologia do QG do Exército, em Brasília.
Na época, uma fala de Maurício ganhou as manchetes dos jornais: “O fator responsável por esse episódio foram as pessoas que deixaram de fazer o que deveriam fazer. Isso está muito bem diagnosticado. Essas pessoas foram sancionadas disciplinarmente e podem também estar criminalmente envolvidas. E aí o inquérito criminal militar é que vai chegar a essa conclusão”.
